Uma leitura feminista da dívida: edição ampliada

Luci Cavallero e Verónica Gago

Quando dizemos “VIVAS, LIVRES E SEM DÍVIDAS NOS QUEREMOS!”, desde o feminismo se promove um movimento de politização e coletivização do problema financeiro que tem um vetor triplo de radicalidade:

  1. Dá corpo e narrativa concreta à abstração financeira (tirar do armário a dívida);
  2. Associa o problema da dívida às violências contra os corpos feminizados, uma vez que vincula o endividamento das economias domésticas – majoritariamente sustentadas por mulheres, lésbicas, travestis e trans – com a falta de autonomia a que nos expõe ainda mais a violência machista;
  3. Denuncia que hoje as finanças exploram não apenas o mercado formal e assalariado, se não também o mercado informal e os trabalhos domésticos, reprodutivo e comunitário.

Uma leitura feminista da dívida forma parte de um processo de investigação e intervenção política em curso sobre processos de endividamento. Foi usado como ferramenta de debate e formação em sindicatos, universidades, feiras de pequenes produtores, organizações de base e assembleias feministas.

Sobre as autoras:

Luci Cavallero é socióloga e pesquisadora da Universidade de Buenos Aires. Seus trabalhos abordam vínculo entre dívida, capital ilegal e violências.

Verónica Gago é professora e pesquisadora. Também militante feminista e membro do coletivo Ni Una Menos. Faz parte da editora independente Tinta Limón. É autora do livro “A potência feminista, ou o desejo de transformar tudo” (Editora Elefante, 2020).

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